80% dos participantes fumadores demonstraram eficácia na cessação tabágica ao fim de 6 meses de acompanhamento.
Apesar de existirem evidências experimentais acerca da segurança e eficácia dos alucinogénicos clássicos no tratamento de dependências, a maioria é relativamente ao uso de LSD no alcoolismo (Krebs and Johansen, 2012; Mangini, 1998), não havendo qualquer estudo relativamente ao tabagismo [1].
Deste modo, um estudo pioneiro, publicado em 2014, avaliou a segurança e viabilidade da psilocibina como adjuvante no tratamento de cessação tabágica, onde foi estudado a administração de dose moderada (20mg/70kg) e dose alta (30mg/70kg) durante 15 semanas. Foram medidos semanalmente até ao 6º mês os marcadores biológicos de abstinência, que são a exalação de monóxido de carbono (CO) e o nível de cotinina na urina, que é o principal produto de biotransformação da nicotina [1].
Resultados
[2]
Níveis de cotinina
< 2000ng/mL
Níveis de CO
≤ 6ppm
Parâmetros de abstinência tabágica
Apesar de se ter obtido uma percentagem muito apelativa relativamente a outros estudos feitos, como com a vareniclina que obteve 33,5 – 35,2% de abstinências aos 6 meses (Gonzales et al., 2006; Jorenby et al., 2006), é de salientar que este estudo requeriu um maior apoio psicológico do que os restantes tratamentos para a cessação tabágica e a amostra pode não ser representativa, uma vez que foi testado apenas em 15 participantes [1].
Não foi possível diferenciar os benefícios entre a dose moderada e a dose alta, uma vez que todos os participantes que deixaram de fumar foi depois de iniciarem o tratamento com a dose moderada, e aqueles que não deixaram de fumar foram incapaz de o fazer mesmo após o tratamento com a dose alta [1].
Dada uma grande extensão global de mortalidade relativa ao tabagismo, e as baixas taxas aprovadas de sucesso de cessação do tabagismo (Cahill et al., 2014; Gonzales et al., 2006; Jorenby et al.,2006; Mottillo et al., 2009), a nova abordagem aqui apresentada merece uma investigação mais aprofundada com um estudo controlado randomizado [1].
Este estudo ilustra uma alternativa sugestiva dos alucinogénicos como adjuvantes no tratamento de dependências, sendo uma aposta interessante para estudos futuros [1].
Referência:
[1] Johnson, M. W., Garcia-Romeu, A., Cosimano, M. P., & Griffiths, R. R. (2014). Pilot study of the 5-HT2AR agonist psilocybin in the treatment of tobacco addiction. J Psychopharmacol, 28(11), 983-992. doi:10.1177/0269881114548296
[2] Retirado de: http://www.bodyconsultancy.com/wp-content/uploads/2015/08/stop-smoking2.jpg, acedido a 24/05/2016