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    Os cogumelos alucinogénicos contendo psilocibina jogam com a mente, distorcendo a perceção do tempo, do espaço, de si mesmo e das sensações [1].

 

    Os 10 principais efeitos descritos após administração de psilocibina foram [2].

Figura 1- Os 10 principais sintomas sentidos após ingestão de psilocibina e significativamente aumentados relativamente ao placebo (Adaptado de R. L. Carhart-Harris et al., 2012).

    Tem sido assumido que os psicadélicos atuam por aumento da atividade neuronal, no entanto um estudo pioneiro feito em 2011 coloca esta ideia em questão. Esse estudo usou pela primeira vez a imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) para examinar a atividade cerebral em pessoas que tomaram psilocibina [1].

 

 

 

 

 

 

 

    Os resultados de fMRI por perfusão ASL demonstraram que a psilocibina provocava uma diminuição da atividade e conectividade mais localizada em conectores importantes como o tálamo, córtex cingulado anterior e posterior (ACC e PCC) e córtex pré-frontal medial (mPFC) [2].

 

 

 

 

 

 

Resultados

Diminuição do fluxo sanguíneo

A psilocibina diminui significativamente o fluxo sanguíneo cerebral e a oxigenação venosa [2].

Figura 2 - Regiões onde ocorreu diminuição do fluxo sanguíneo cerebral (a azul) após administração de psilocibina (Retirado de: R. L. Carhart-Harris et al., 2012)

   Na análise da interação psico-fisiológica foram registadas mudanças induzidas pela psilocibina na conectividade funcional ligada ao córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) [2].

A psilocibina diminui conexões entre PCC e mPFC [2].

Conectividade vmPFC após psilocibina

Conectividade vmPFC após placebo

vmPFC

Positivo

Negativo

Aumento

Diminuição

PCC

Figura 3 - Mudanças induzidas na conectividade do vmPFC (vermelho) pela psilocibina (Adaptado de:  R. L. Carhart-Harris et al., 2012)

Os resultados implicam fortemente que o efeito da psilocibina é causada por uma diminuição da atividade e conectividade de conexões chaves no cérebro, permitindo um estado cognitivo sem restrição [2].

    Outro estudo, em 2014, tenta explicar as sensações de alteração de consciência e dos sentidos através da imagem por ressonância magnética funcional (fMRI), para examinar a atividade cerebral após administração de placebo ou psilocibina. Através da comparação desta atividade cerebral foi possível criar um mapa das conexões entre diferentes regiões do cérebro.

 

 

Descobriram que, com a psilocibina, regiões cerebrais que normalmente não estão conectadas apresentavam atividade cerebral sincronizadas no tempo.

 

    Este composto uma vez eliminado do organismo permite que a atividade cerebral volte ao normal [3].

Os pontos e as cores correspondem a redes ricas em conexões.

Resultados

Estado normal do cérebro

Sob a influência de psilocibina

Há um estado de correlação ordenado, quase sem ligação cruzada entre redes [4,5].

Depois de administrar psilocibina o que acontece é que essas redes ligam-se entre si exacerbadamente, mas não de uma forma aleatória. Surgem novos tipos de ordem. Esta enorme comunicação por todo o cérebro pode explicar o fenómeno de sinestesia, que é a experiência de mistura de sentidos, como saborear cores, sentir sons, ver cheiros, entre outros [4,5].

Figura 4 - Comparação das conexões cerebrais (Adaptado de: Petri et al., 2014).

Os resultados apoiam a ideia de que a psilocibina perturba a organização normal do cérebro, com o surgimento de conexões fortes que não estão presentes no estado normal. Há um aumento das conexões entre as regiões corticais sob a influência da psilocibina, que poderá ser devida a uma estimulação dos recetores de serotonina 5-HT2A no córtex [5].

 

 

    Esta descoberta poderá vir a ser útil para os cientistas que estão a estudar este composto como um potencial tratamento para a depressão. Estudos passados descobriram que as pessoas tendem a ser mais felizes mesmo após uma única toma de psilocibina, mas é necessário ter uma maior certeza e perceber o modo como este composto atua no cérebro antes de ser usado para esse fim [3].

Referências:

[1] Miller, G. Mapping the Psychedelic Brain. Retirado de http://www.sciencemag.org/news/2012/01/mapping-psychedelic-brain, acedido a 07/04/2016

[2] Carhart-Harris, R. L. et all  (2012). Neural correlates of the psychedelic state as determined by fMRI studies with psilocybin. PNAS, 109(6): 2138-2143.

[3] Ghose, T. Magic Mushrooms Create a Hyperconnected Brain.   Retirado de http://www.livescience.com/48502-magic-mushrooms-change-brain-networks.html, acedido a 17/02/2016

[4] Keim, B. Science Graphic of the Week: How Magic Mushrooms Rearrange Your Brain. Retirado de http://www.wired.com/2014/10/magic-mushroom-brain/, acedido a 17/02/2016

[5] Petri, G., Expert, P., Turkheimer, F., Carhart-Harris, R., Nutt, D., Hellyer, P. J., & Vaccarino, F. (2014). Homological scaffolds of brain functional networks. Journal of The Royal Society Interface, 11(101). doi:10.1098/rsif.2014.0873

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